“Garapa”, de José Padilha, estreou ontem na seção Panorama da Berlinale, em Berlim, na Alemanha. Para produzir o filme, o diretor conviveu durante um mês e meio com três famílias pobres do Nordeste.
Para quem não sabe, “Garapa” é o nome da água açucarada que as mães dão aos filhos quando não há outra coisa para acalmar a fome. Para Padilha, apesar de ter sido feito no Ceará, o filme não é local. Afinal, o problema da fome e da miséria não é apenas nordestino nem brasileiro, é mundial. No entanto, é bom escancarar como estamos por aqui.
A pobreza, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), é a situação das pessoas que vivem com metade do salário-mínimo. Indigente é aquele que vive com um quarto do salário-mínimo. Um estudo de 2008 do Ipea indica que há atualmente no Brasil 11 milhões de pobres (eram 15 milhões em 2003) e 3 milhões de indigentes (eram 6 milhõs em 2003).
No ano passado, Padilha venceu o festival de Berlim com o violento “Tropa de Elite” e agora concorre com a fome e a miséria em “Garapa”. São nossas mazelas rendendo prêmios. É isso aí: a gente não quer só comida.