
Padre Cícero esculpido pelo artista nordestino Armando Lacerda em 1969 (17 m de altura)
Ontem, 27, foi o Dia do Sacerdote. Em abril também comemora-se o aniversário de nascimento de Cícero Romão Batista, o sacerdote mais famoso do Brasil. Chamado de “Padim-Ciço”, o religioso vivia de doações. Tornou-se padre milagroso quando se espalhou a notícia que na comunhão dada à beata Maria Araújo a hóstia havia se transformado em sangue. Isso aumentou sua influência, atraindo pessoas e aumentando as doações. O clero cearense negou a veracidade do fato, acusando o padre e a beata de “farsantes”. O processo foi levado à Roma e o Padre Cícero foi punido, sendo retirado dele os direitos de sacerdote até sua morte em 1934.
Impedido do exercer os rituais da igreja, ocupou o cargo de prefeito de Juazeiro, vice-governador do Ceará e deputado federal. “Mas eram seus secretários que governavam. Ele não tinha tempo nem querência pelo poder”, afirma o biógrafo Geraldo Menezes Barbosa.
Padre Cícero foi absolvido pelo Papa XIII, mas nunca foi foi reabilitado. Morreu aos 90 anos e hoje é parte da cultura popular nordestina. Todos os anos milhares de devotos viajam em romaria a Juazeiro do Norte, hoje um das cidades mais dinâmicas do Ceará. Além de ter se tornado um dos mais importantes centros de peregrinação religiosa do País, Juazeiro do Norte, dinamizou o artesanato artístico, utilitário e religioso como principal fonte de renda local.
No Museu do Horto, está seu corpo sepultado (foto). Lá milhares e milhares de promessas pagas, por graças alcançadas. Há pedaços de madeira com órgãos do corpo humano, miniaturas de casas, quepes militares, vestidos de noiva, troféus, medalhas e uma pafernália de fotos e ofertas de devotos e romeiros que acreditam nos milagres e transbordam de fé.
Em testamento, deixou sua fortuna para a Diocese do Crato e para os Salesianos.
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